Amando Nogueira: um jornalista boa praça

•29/03/2010 • Deixe um Comentário

Por Gilberto Almeida

Armando Nogueira, criador do Jornal Nacional, morreu hoje no Rio aos 83 anos. Ele era um jornalista diferente, nunca parecia estar trabalhando. Estava sempre à vontade. Recebia os editores e os repórteres da TV Globo como se estivesse na sala da sua casa. Jamais calçava sapatos. Os tênis eram seus companheiros inseparáveis nas quadras, durante os voos de aeroplano, nos bastidores das inúmeras Copas do Mundo que cobriu ou na frente das câmeras. Era sempre bonachão e cheio de histórias.


Um dia fui visitá-lo na sala em que dividia com Alice Maria, sua inseparável parceira profissional, na direção da TV Globo. Ele era minha fonte semanal quando eu trabalhava como colunista no Estadão. No final, depois de uma hora conversa, perguntou: “Quer publicar uma novidade amanhã?”. Diante do meu sinal positivo e da possibilidade de noticiar um furo, ele falou: “o Arnaldo Cesar Coelho virá almoçar comigo hoje e ele será o primeiro comentarista da arbitragem da TV.” Isso aconteceu em 1989, época em que não havia internet e nada que pudesse atrapalhar mais um furo passado pelo Armando.    

Para os amantes de filmes trash

•16/03/2010 • 1 Comentário

Por Claudia Mora

Pra quem gosta daqueles filmes inacreditáveis de se ver, não por efeitos especiais ou enredos emocionantes, mas sim pelo absurdo de sua existência, segue uma bela dica. 

Black Sheep

A história se passa na Nova Zelândia, país conhecido por seu grande número de ovelhas. O personagem principal, Henry, possui um forte trauma em relação a elas, desde os tempos de infância.
No filme, ele e mais dois jovens descobrem que um experimento genético com ovelhas está sendo realizado pelas redondezas de sua fazenda e, claro, esse experimento não dará certo.

Seu desfecho é inacreditável.
Imperdível! Para os interessados, curtam o trailer abaixo.

Abre-te, Sésamo!!

•10/03/2010 • 1 Comentário

Por Bia Pennino

O Stop Motion é uma técnica de animação que vem ganhando cada vez mais apreciadores e criadores que a colocam em prática de maneira bastante diferente. Este é o caso da animação La Puerta, fruto da parceria entre a SAM3 e a LIMOW, produtoras européias de animação e ilustração.

As grandes protagonistas são portas, portões e até portinhas que percorrem as cidades Grottaglie, Bari e Roma, na Itália e Barcelona e Murcia, na Espanha e trazem um ar de mistério no filme e até uma distante lembrança de Alice no País das Maravilhas.

Vale conferir. E antes de sair, feche a porta!

•08/03/2010 • Deixe um Comentário

Por Gilberto Almeida

A dica de hoje é o vídeo criado pela revista inglesa The Economist.

O filme foi usado como apoio para a apresentação do Media Convergence Forum, e teve como tema a internet. O Forum aconteceu em outubro do ano passado na cidade de Nova Iorque.

Confira.

Coldplay em São Paulo

•03/03/2010 • Deixe um Comentário

Por: Milena Dominguez

O show do Coldplay no Morumbi foi tão esperado por seus fãs que a chuva, graças a reza de 60 mil pessoas, não marcou presença na noite da última terça-feira.

A abertura do show foi dividida entre os cuiabanos do Vanguart e a banda Bat for Lashes – projeto da cantora britânica Natasha Khan, que mesmo aplaudida foi pouco compreendida pelos fãs do Coldplay.

O público que aguardava ansiosamente à entrada da banda, carregava nas mãos bexigas vermelhas, brancas e pretas – cores do álbum Viva la Vida – distribuídas pela organização para comemorar o aniversário do vocalista, Chris Martim.

As imensas luzes do Morumbi se apagaram e ao fundo já se ouvia o comecinho da musica “Life In Technicolor”, que também abre Viva la Vida. Em seguida “Violet Hill” veio para botar mais pilha no público que gritava alucinadamente, ultrapassando o som dos instrumentos e da voz dos talentosos músicos da banda.O hit “Clocks” também não podia ficar de fora do setlist da banda e foi aplaudido pelo público.

Então, era hora de explorar e caminhar pelas duas passarelas que abraçavam a pista vip. Martim fez isso muito bem, correndo de lá para cá e cumprimentando os fãs amontoados aos seus pés. “Muito obrigado a todos”, respondeu ele com um sotaque gringo, depois de receber um estouro de bexigas em comemoração aos seus 33 anos.

 “Yellow”, outro sucesso da banda, ganhou destaque quando várias bolas amarelas invadiram o gramado do Morumbi e deram entrada para um enorme telão de alta definição.

As músicas “Glass of Water” e “42” foram apresentadas ao público com o toque característico do Coldplay: o piano.Embalando os casais apaixonados, o piano e o solitário Martim deram inicio a parte light do show.

A arquibancada sofreu com a má qualidade do som e tentou reclamar. Foi em vão. Martim chegou a questionar “como está ai em cima?”, mas não compreendeu a mensagem.

“Fix You” foi um show a parte.O público estava tão empolgado que ensaiou um coro digno de interrupção do vocalista do Coldplay para pronunciar três letras, “UAU”. Embalados pela virada da música, uma chuva de fogos de artifício saíram de trás do palco direto para o céu de São Paulo.

Em “Strawberry Swing”, Martin dançou, pediu o apoio das luzes de celulares e caminhou com o resto da banda para a ponta de uma das passarelas.”Viva la Vida”, musica que muitas pessoas esperavam que fosse abrir o show da turnê, se tornou um imenso coro independente da banda e, sem dúvidas, foi de arrepiar.

A banda não parou com as surpresas. O quarteto britânico caminhou até a divisa das pista vip e da pista comum e sem que o público percebesse, subiu em um pequeno palco e começou uma emocionante versão de “Shiver”. A inédita versão de  “Don Quixote” seguiu o estilo country e arrancou risadas da plateia.

No final do show,  “Lovers in Japan”, proporcionou ao público um espetáculo, com uma chuva de borboletas de papel, misturada com canhões de luz, provocando um efeito lisérgico e belíssimo ao olhos. A deixa foi perfeita para  “Death and All His Friends” e para o  para o bis de “The Scientist”.

No final do show, Chris Martin ainda anunciou que seus fãs levariam para casa,de graça, uma cópia do álbum ao vivo LeftRightLeftRightLeft – disponível há quase um ano para download gratuito, um mimo para ninguém botar defeito.

Um espetáculo aos olhos e aos ouvidos, o Coldplay deixou na lembrança de quem estava presente um trecho de uma de suas musica “Such a perfect day” – Strawberry Swing.

Veja o setlist do show no Morumbi:

“Life In Technicolor”

“Violet Hill”
“Clocks”

“In My Place”

“Yellow”
“Glass of Water”

“42”
“Fix You”

“Strawberry Swing”

“God Put A Smile Upon Your Face/Talk”

“The Hardest Part”
“Postcards From Far Away”

“Viva La Vida”
“Lost!”

“Shiver”
“Death Will Never Conquer”

“Don Quixote”

“Viva La Vida (Remix)”


“Politik”
“Lovers in Japan”

“Death and All His Friends”

Bis

“The Scientist”

“Life In Technicolor II”

Não se nasce mulher: torna-se

•02/03/2010 • 2 comentários

Dia da Mulher traz à tona questões levantadas por Simone de Beauvoir

Por Carolina Bastos

A Europa comemorou o centenário de nascimento da feminista francesa, Simone de Beauvoir, em 9 janeiro de 2008. Na ocasião, França e Alemanha marcaram a data com debates, exibições de documentários e publicações de livros e artigos assinados pela homenageada.

Apesar das várias facetas de Simone – feminista, escritora, existencialista – foi a primeira que lhe rendeu fama mundial. Ao lançar “O Segundo Sexo” em 1949, a autora afirmou que as diferenças entre gêneros não são causadas por questões biológicas (como nos fazem acreditar até hoje), e sim por fatores sociais. O livro foi traduzido para 30 idiomas, teve mais de 20 mil exemplares vendidos na primeira semana e entrou na lista de livros proibidos pelo Vaticano.

O legado deixado por Simone é de grande valor e merece debates e homenagens. Segundo Gabriela do Vale, da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM): “Beauvoir enfatizou a importância do direito ao trabalho, da autonomia financeira, do uso do anticoncepcional, questionou profundamente a maternidade como única opção para dar sentido à vida de uma mulher, o casamento formal como única forma de amar, e isso na década de 40”.

Para Joana Maria Pedro, professora de História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e autora do artigo “Monumentos ao Segundo Sexo de Simone de Beauvoir”: “a escritora deu consistência acadêmica para a discussão sobre a desigualdade de gênero; antes dela, o assunto não entrava na universidade por não ser considerado sério”.

Simone de Beauvoir teve um impacto marcante nas mulheres da minha geração, hoje entre 60 e 70 anos, não só pela obra, mas também graças a todas as histórias que ouvíamos sobre existencialismo e a relação aberta dela com Sartre etc”, explica a antropóloga e pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero – Pagu/Unicamp, Mariza Corrêa.

De lá pra cá

“O Segundo Sexo” foi um marco e contribuiu para que mulheres do mundo todo conquistassem direitos antes reservados somente aos homens como, por exemplo, estudar, votar e trabalhar. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido no sentido de dar continuidade às propostas de Simone de Beauvoir.

Infelizmente a mídia trata as lutas feministas como superadas ao reforçar o discurso segundo o qual as mulheres dominam cada vez mais o mercado de trabalho, votam, fazem sexo “livremente”, escolhem se e quando serão mães, portanto, não faz sentido o “embolorado movimento feminista”. Mas basta checar alguns dados para constatar a urgência de novas conquistas.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em média, apenas 20% dos cargos públicos de comando são ocupados por mulheres. Há poucas profissionais atuando nos três poderes – legislativo, executivo e judiciário – e o mesmo ocorre nos altos escalões do mundo corporativo.

Outra questão levantada por Beauvoir e ainda não resolvida é sobre o aborto. Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 31% dos casos de gravidez no Brasil terminarão abortados.

Os índices de violência continuam alarmantes. A cada 15 segundos uma mulher é espancada por um homem no Brasil e, em cada dez mulheres, sete são vítimas de seus companheiros, constata o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para Mulher (Unifem). A Lei Maria da Penha é uma importante conquista, pois cria mecanismos que coíbem e previnem a violência doméstica contra mulheres. No entanto, ainda é pouco diante de tantas outras demandas.

Com a globalização, hoje se sabe como vivem as mulheres no mundo todo: brasileiras, árabes, africanas, israelitas etc. É fato que muitas delas ainda não conquistaram seu espaço político-social e, mesmo nos países que contaram com um movimento feminista atuante, ainda há mulheres subjugadas de alguma maneira.

Lição de simplicidade

•01/03/2010 • 2 comentários

Por Gilberto de Almeida

A morte de José Mindlin fez com que me recordasse de um ensinamento deixado pelo bibliófilo em uma das cinco entrevistas que tive o privilégio de fazer com ele. Ao receber os exemplares de reedições importantes patrocinadas pelas Metal Leve—empresa de autopeças que fundou e dirigiu até 1996 – , pedi uma dedicatória em um dos livros.

Com toda a simplicidade do mundo, Mindlin respondeu: “Caro Gilberto: Desculpe a demora com que estes livros estão seguindo. Vão sem dedicatória porque não sou autor de nenhum deles. Considere, meu caro, esta carta como uma dedicatória e lembrança do bom contato que tivemos, e que espero que se repita com uma visita sua à biblioteca”.

O meu pedido só foi atendido efetivamente nove anos depois, em 1997, quando Mindlin lançou seu primeiro livro “Uma Vida Entre Livros”.  Fui até a sua casa, conversei mais uma vez longamente com ele, fiz mais uma visita à biblioteca e sai de lá com dois livros autografados, um para mim e outro para meu pai.

A Tigresa do Oriente

•25/02/2010 • 1 Comentário

Por Fabio Gomide

Para quem gosta apenas de clipes mega produzidos, com direção e finalização impecáveis, por favor não assistam a este vídeo!

Mas se você, assim como eu, adora as “trasheiras” do youtube, fica a dica. O clipe que  faz meus dias serem muito mais felizes.

Obrigado youtube, por existir!!!!!!!!

Obras de Andy Warhol chegam ao Brasil.

•09/02/2010 • Deixe um Comentário

Por Milena Dominguez

 

Para quem é apaixonado por cores e pelo movimento pop art, começa no dia 30 de março, na Estação Pinacoteca (SP), a exposição:

“Andy Warhol, Mr. America”


A mostra conta com cerca de 170 obras do artista com temas políticos e culturais dos Estados Unidos. Há, ainda, 26 pinturas, 58 gravuras, 39 trabalhos fotográficos, duas instalações e 44 filmes com os mesmos temas. Andy Warhol foi um dos percussores da Pop Art, surgidas na Inglaterra, na década de 1950.

Warhol tornou-se um dos mais célebres artistas comerciais dos anos 1950. No final da década de 1950, realiza sua notória exposição com obras que mostram latas de sopa Campbell pintadas a mão, na Ferus Gallery de Los Angeles. Em 1962, passou a utilizar serigrafia e outros meios de reprodução mecânica, eliminando a distinção entre fotografia e pintura, assim como a Pop Art fez desaparecer a distinção entre arte “erudita” e “comercial”.

Informações importantes:

O Que: Andy Warhol

Quando: de 20/03 a 23/05

Terças, Quartas, Quintas, Sextas, Sábados e Domingos das 10:00 às 18:00

Quanto: R$ 6 Onde: Estação Pinacoteca

Endereço: Praça da Luz, 2 – Centro.

Telefone: (11) 3324-1000

Obs.: Aos sábados, a entrada é livre

Uma bela história

•05/02/2010 • Deixe um Comentário

Por Aluizio Falcão

Já faz dez anos que eu corro. Neste período todo, fiz apenas duas pausas. Uma pequena, outra longa. Posso dizer, sem nenhuma dúvida, que fui muito infeliz quando parei de correr nessas duas ocasiões. O stress tomava conta de mim, o sono era difícil, a paciência se esgotava rápido. Mas acabei voltando. Nesta década, houve fases em que corri uma quilometragem respeitável por semana. Noutros períodos, cumpri tabela. Mas, salvo exceções, sempre estive ali no Ibirapuera pela manhã, de três a quatro vezes por semana.
Desde que comecei a correr passei a ler bastante sobre esse esporte. Comprava a Runner’s World americana e um monte de outras publicações. Foi numa destas revistas que topei com uma figura impressionante, daquelas que mostra que, às vezes, a realidade supera a ficção. Era uma reportagem sobre um dos maiores corredores da história, o americano Steve Prefontaine.


Pre, como todo mundo o chamava, era uma sensação nas pistas. Daqueles corredores que davam tudo de si desde o começo. Uma espécie de Ayrton Senna de tênis. Para ele, não bastava vencer. Era preciso dar tudo de si, abrir a maior distância possível do adversário, testar todos os limites. Seu treinador era o legendário Bill Bowerman. Não ligou o nome à pessoa? Bowerman foi o cara que inventou o tênis de corrida com solado de borracha. Não caiu a ficha ainda? Bem, depois de calçar seus corredores, ele resolveu fundar sua fábrica de tênis. O nome da empresa? Nike.
Bowerman foi o inventor do ‘negative split’. Essa técnica significava fazer o corredor se poupar no início de uma corrida para disparar na segunda metade. Trata-se da tática que 10 entre 10 corredores utilizam hoje em qualquer prova. Ele tentou ao máximo fazer com que Pre utilizasse sua técnica. Mas ele sempre disparava e chegava com pelo menos dez metros de vantagem para o segundo colocado (numa prova de 5 000 metros, por exemplo, isso é uma eternidade).
Bem, Prefontaine foi correr a Olimpíada de Munique, em 1972, e, pela primeira vez, seguiu as orientações de Bowerman. Ficou encaixotado pelos competidores na primeira metade, num ritmo moderado, até que finalmente disparou. Na última volta, foi superado. Recuperou o primeiro lugar. Foi superado de novo. Recuperou. Foi ultrapassado. Mais uma vez, se recuperou. Mas o finlandês Lars Virssen, um mestre do negative split, tinha gás para mais um sprint. Ganhou a prova. Prefontaine, esgotado, chegou em quarto.
Pre era o maior talento americano de corrida. E perdeu a corrida porque não seguiu seu instinto, seu coração. Ele estava abalado com o assassinato da delegação israelense de atletismo, massacrada por terroristas árabes dias antes – ali mesmo, na Vila Olímpica. Resolveu seguir as palavras de Bowerman, a maior autoridade em Track and Field da época. E perdeu.
Três anos depois, ele viria a morrer num acidente de automóvel, aos 24 anos, um pouco antes de participar das Olimpíadas de Montreal. Suprema ironia do destino: o maior corredor americano, o único a deter os recordes de todas as modalidades de corrida nos Estados Unidos ao mesmo tempo, jamais conseguiu uma medalha olímpica.
Até hoje, Pre é idolatrado por corredores de todos os cantos do planeta. Sua história foi retratada em dois filmes. Prefontaine, com Jared Letho, de 1997, e Without Limits, com Billy Crudup, de 1998 (este último, produzido por Tom Cruise). O primeiro é um falso documentário, com ritmo um tanto lento. O segundo é bem mais emocionante – como convém a alguém que desafiou o relógio em toda a sua vida. Recomendo. Até para quem não gosta de correr.

Billy Crudup como Steve Prefontaine

Jared Letho como Prefontaine